Como evitar o desperdício alimentar no dia a dia? [Guia Prático]
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Publicado em 28-Out-2024
Segundo dados do Eurostat, cada consumidor português desperdiça, semanalmente, 2,38 kg de alimentos, o que corresponde a 184 kg por ano, ou 350 euros, deitados ao lixo.
Sabendo-se que, de acordo a Universidade Nova de Lisboa, quase 2 milhões de portugueses se encontra em vulnerabilidade económica que se reflete, a montante, em carências alimentares e que a indústria alimentar é responsável, a nível mundial, por uma parte substancial da emissão de gases de efeito de estufa, é tempo de tomarmos medidas para evitar o desperdício alimentar.
Aprenda o que é o desperdício alimentar, causas, consequências e como o prevenir neste guia.
O que é o desperdício alimentar?
Por desperdício alimentar, entende-se toda e qualquer perda relacionada com a decisão de não aproveitar alimentos que ainda se encontram em bom estado de conservação e, por isso, ainda possuem valor nutritivo.
Entre os exemplos mais comuns do desperdício de alimentos, encontramos:
- as compras em excesso
- o não aproveitamento das sobras de comida das refeições
- o deixar ultrapassar o prazo de validade
Apesar de ser imputada ao consumidor uma parte considerável da responsabilidade no desperdício de comida, a verdade é que esta é apenas a face mais visível de um problema que começa na produção e processamento e se estende à distribuição e venda de produtos alimentares.
Causas e consequências do desperdício de alimentos
Como já vimos na introdução a este artigo, o desperdício de alimentos reforça a insegurança alimentar e impede o desenvolvimento sustentável do nosso planeta.
Na origem destes problemas encontramos, desde logo, os hábitos de consumo vigentes que privilegiam o “usar e deitar fora” ao invés da redução e reaproveitamento de alimentos.
Alta perecibilidade dos alimentos que consumimos, condições inadequadas de embalagem, fatores estéticos (basta-nos lembrar da “fruta feia”) e manuseio, ao qual se somam maus hábitos alimentares, acabam por ser outras das razões para um desperdício alimentar tão grande.
Além disto, ao olharmos para forma como são produzidos os alimentos que consumimos, podemos perceber que a produção agrícola em larga escala não só exige um grande consumo de água e pesticidas, como está a contribuir para o desmatamento acelerado de grandes áreas de floresta.
Com o aumento da produção e do consumo, cresce também o volume de transportes necessários e pesadas cadeias de distribuição que contribuem para a emissão de gases poluentes e consumo de energia.
Aliás, segundo a FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura), cada fase da cadeia logística contribui para o aumento do custo ambiental da produção, ou seja, quanto maior o volume de alimentos que se perdem ao longo da cadeia produtiva, maiores e mais nefasta serão as consequências para os ecossistemas e, consequentemente, para nós.
Como prevenir o desperdício de alimentos? [Guia Prático]
Para além de, enquanto consumidores, exigirmos aos agentes políticos e empresas mudanças profundas na forma como se produz e distribui alimentos, é importante que olhemos também para nós e mudemos o nosso paradigma de consumo, mas como?
Ajude a reduzir o desperdício de alimentos e aprenda como ter uma vida mais sustentável com este guia prático que preparamos para si:
- Opte, sempre que possível, por alimentos produzidos localmente. Além de mais sustentável e saudável, este tipo de consumo acaba por fomentar a economia local e minimizar as perdas na cadeia de distribuição;
- Prepare receitas mais sustentáveis utilizando, para o efeito, alimentos que, por norma, deita fora, como é o caso das cascas, semente e raízes;
- Diminua a frequência com que faz compras, compre menos e procure, de preferência, consumir sempre produtos frescos;
- Armazene os alimentos de forma adequada de modo a preservá-los em perfeitas condições de consumo e evitar o desperdício;
- Uma das melhores soluções para o desperdício de alimentos passa pela melhor organização dos armários e frigoríficos. Para tal, aconselhamos que utilize o sistema de gestão de stocks FIFO (First In, First Out em inglês) que, na prática, indica que deve consumir os produtos por ordem cronológica de compra;
- Guarde, no frigorífico, os restos das refeições em tupperwares para poder consumi-los ou utilizá-los na confeção de uma nova refeição;
- Comece a fazer compostagem dos resíduos orgânicos. Com o húmus produzido, pode criar a sua própria horta e, assim, reduzir a sua pegada de carbono;
- Consuma produtos sazonais. Além de serem mais frescos e nutritivos, estes alimentos contribuem para a sustentabilidade;
- Forme grupos comunitários de partilha de alimentos e/ou procure organizações que levem a cabo campanhas de distribuição de comida às pessoas mais carenciadas.
Por fim, e a juntar a estas dicas, consulte também o nosso artigo sobre 11 ideias sustentáveis, pelo bem do planeta.