Legado, o outro Barca Velha da Sogrape
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Um vinho novo, repleto de história, nascido para celebrar um Douro antigo.
Publicado em 01-Jun-2018
Encontramos a Quinta do Caêdo perto da margem esquerda do rio Douro, em Ervedosa. Como um anfiteatro natural, a quinta estende-se pelas duas margens da ribeira que lhe dá o nome, numa paisagem magnífica que a mão humana também moldou, acrescentando-lhe carácter, beleza e história – porque muitos dos socalcos são ainda de tempos pré-filoxéricos. A quinta tem cerca de 30 hectares, 24 deles de vinhedos e, desses, oito ocupados por uma vinha velha com mais de 100 anos. Velhíssima! É aqui que se centra a nossa história.
Todo o bom vinho deve ser uma homenagem. Pode ser a um homem, a uma região ou a um terroir. Por exemplo, o Barca Velha, ex-líbris da casa Sogrape e dos vinhos portugueses, foi idealizado por Fernando Nicolau de Almeida para ser um vinho do Douro – e isto há mais de 60 anos, quando ainda nem sequer existiam vinhos de qualidade no Douro. Mas ele imaginou-o. No caso deste Legado, a homenagem vai direitinha para este terroir de videiras retorcidas pelo tempo, sol e chuva, e de muitas castas: as duas tourigas tão em voga (a Franca e a Nacional), a Tinta da Barca, Rufete, Tinta Amarela, Sousão, Tinta Roriz, Tinto Cão, Donzelinho… todas em desalinho como era costume antigamente.
Foi neste local que Fernando Guedes – o pai da atual geração à frente da Sogrape – idealizou um néctar “capaz de sublinhar a grandiosidade” da obra iniciada pelo seu pai, Fernando van Zeller Guedes, o fundador da empresa que nos últimos anos vem sendo considerada como a melhor do mundo no setor dos vinhos. Foi esse o desafio que lançou às equipas de enologia da Sogrape em 2008 e que entra agora – com esta colheita de 2013 – na sua sexta geração.
Luís Sottomayor, enólogo, admite que “declarar uma colheita de Legado implica sempre uma dose extra de emoção e responsabilidade, dado o enquadramento muito particular que presidiu à conceção deste vinho”. E Luís Sottomayor está bem habituado a lidar com a pressão, pois é a ele que cabe a palavra final sobre a declaração – ou não – de um Barca Velha.
Felizmente a tarefa é grata, porque aquelas vinhas, preservadas com tanto cuidado ao longo de gerações já muito pouco produzem – por vezes não mais de dois cachos por videira. Mas cada bago é um testemunho da riqueza desta região. É “ouro” concentrado e isso sente-se bem neste vinho tão justamente chamado de Legado, tal como se comprova ainda pela pontuação obtida na rede Vivino.