Moda consciente: como fazer compras sustentáveis e construir um armário versátil?
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Publicado em 28-Nov-2024
Sabia que a indústria têxtil é uma das mais poluentes do mundo?
Estima-se que, todos os anos, 92 milhões de toneladas de tecidos encontrem a sua morada final no lixo, número incompatível com qualquer ideia de sustentabilidade.
Apesar do ónus deste problema estar, como é óbvio, na indústria têxtil, nós, enquanto consumidores, também temos e devemos ter uma palavra a dizer para promovermos uma alteração no paradigma de consumo e fazer pressão para a promoção de uma moda consciente e sustentável.
Afinal de conta, o que é a moda consciente?
O que é a moda consciente e porque é que é importante?
Este modelo económico consiste numa mudança de paradigma no modo como consumimos produtos têxteis e envolve uma reflexão profunda sobre os impactos que a indústria da moda tem sobre o meio ambiente e sociedade com o objetivo de procurar de uma relação mais simbiótica e consciente na forma como se compra roupa.
Em síntese, a moda sustentável ou consciente é um “call to action” para que, no momento de adquirirmos roupa e acessórios, pensemos no impacto que isso terá no meio ambiente e na sociedade, nomeadamente no que toca à exploração de mão-de-obra barata, desperdício e consumo excessivo.
Deste modo, este movimento que nasceu dos problemas que a chamada “fast fashion” causa na sociedade, acaba por contribuir não só para a preservação dos ecossistemas e dos recursos naturais, como para a promoção dos direitos humanos, valorização do autêntico e redução, de forma significativa, da quantidade de tecidos que acaba no lixo.
Além disto, a moda consciente permite aos consumidores pouparem dinheiro, terem um guarda-roupa mais funcional e expressarem a sua personalidade de forma mais autêntica.
Dicas para fazer compras sustentáveis e inteligentes
A mudança começa em nós.
É comum ouvirmos esta expressão no sentido de tentarmos provocar uma mudança radical que empurre a sociedade no sentido de uma economia baseada na sustentabilidade e na dignidade humana.
No caso do consumo de produtos têxteis isto não podia ser mais verdadeiro.
A forma como compramos, o que compramos e a quem compramos, são as questões que devem nortear o nosso comportamento quando nos dirigimos a uma loja para adquirirmos peças de roupa.
Assim, para fazermos compras mais sustentáveis e inteligentes, devemos seguir estas três dicas:
Reduzirmos o número de peças que compramos
Será que necessitamos de mais um par de calças ou mais uma t-shirt?
A resposta, na maioria dos casos, será não. Assim, recomenda-se que:
- evitemos comprar peças desnecessárias/redundantes;
- selecionemos tecidos de boa qualidade;
- evitemos a tentação de optar pelo design a preço baixo;
- utilizemos a roupa que temos com mais frequência procurando novas combinações;
- reaproveitemos as roupas velhas para criarmos novas peças.
Adquirirmos peças com certificação ambiental/social
Para certificarmo-nos de que a roupa que compramos respeita, em todas as suas fases de produção, os direitos laborais e económicos dos trabalhadores e as normas ambientais, é importante que verifiquemos se a mesma possui certificação ambiental/social.
De forma a sabermos se a roupa que vestimos se enquadra nestes requisitos, recomenda-se que questionemos as lojas ou as marcas e verifiquemos se a peça vem com o Rótulo Ecológico da UE (EU Ecolabel).
Adquirirmos roupa em segunda mão
Hoje em dia, existem múltiplas lojas que nos dão a oportunidade de pararmos o ciclo de consumismo desenfreado que marca a nossa sociedade comprando roupa em segunda mão.
Certifique-se, contudo, de que esta está em boas condições para ser reutilizada.
Moda consciente: como criar um armário versátil e funcional com menos artigos?
Essencialmente minimalista, o advento do movimento moda sustentável marca uma rutura com um passado assente pelo “consome e deita fora” através da proposta de um armário versátil e original marcado pela troca e pelo upcycling (transformação de roupas velhas em peças novas) aportando-lhes valor e dando-lhes uma nova função.
Assim, para conseguirmos criar um armário sustentável e original,
- devemos começar por pôr em prática o conceito de “Capsule Wardrobe” que assenta no princípio de termos no roupeiro um máximo de 30 a 40 peças versáteis;
- devemos apostar em peças atemporais e priorizarmos as roupas com maior qualidade e durabilidade;
- optar, sempre que possível, por manter na sua posse peças feitas com materiais ecológicos de marcas que, comprovadamente e de forma transparente, adotam boas práticas de sustentabilidade.
- quanto à roupa que já não nos serve, podemos entregá-la numa plataforma ou loja que reutilizam essas peças e lhes dão uma nova vida ou, em alternativa, darmos asas à criatividade e transformá-las nós mesmos.