O que significa economia circular?
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Publicado em 10-Dez-2024
A sustentabilidade é uma espécie de hidra de múltiplos braços que engloba conceitos tão díspares como o comércio justo, a eficiência energética ou a economia circular, tema que vamos aprofundar ao longo deste artigo.
Compreender o conceito de economia circular
Como elemento fundamental da procura de um mundo mais sustentável, a economia circular tem como princípios basilares a reutilização, reciclagem, partilha, reparação e renovação dos produtos e materiais existentes de modo a prolongar o seu ciclo de vida útil.
Em claro contraste com o consumismo vigente, a economia circular diz-nos que, quando um produto chega ao fim do seu ciclo de vida, os materiais que o constituem não são atirados para o lixo.
Ao invés, estes materiais são tratados e, sempre que possível, reintegrados na economia seja sob a mesma forma, seja sob formas e finalidades diferentes.
Este ponto ataca diretamente a obsolescência programada, ou seja, a filosofia de produção que implica a programação do momento em que um determinado produto deixa de funcionar para, desse modo, incentivar o consumo ad eternum.
Seguindo os princípios da economia circular, os benefícios para o planeta que, posteriormente, se vão refletir na vida de todos nós são imensos, como veremos já de seguida.
Benefícios da economia circular para o ambiente e a sociedade
Entre o vasto leque de benefícios que podemos colher ao seguirmos um modelo de economia circular, encontramos:
Redução de resíduos
Ao promover a reutilização dos materiais e o fim da obsolescência programada, a economia circular vai ajudar na redução de resíduos.
Redução da pegada ecológica e proteção dos ecossistemas
A reutilização e a reciclagem permitem reduzir a pegada ecológica de cada um de nós e o nível de exploração dos recursos naturais contribuindo, deste modo, para a preservação dos habitats e da saúde dos ecossistemas.
Redução da emissão de gases de efeito de estufa
A criação de produtos mais sustentáveis e com maior vida útil e o privilegiar do consumo de produtos de origem local, vão conduzir a uma redução assinalável da emissão dos gases de efeito de estufa.
Redução da procura e exploração de matérias-primas
O aumento e promoção do consumismo levam a uma verdadeira corrida à matérias-primas, flagelo que, por exemplo, na República Democrática do Congo, obriga a que milhares de pessoas se sujeitem a condições desumanas para minerarem cobalto ou que as reservas de lítio na Bolívia sejam constantemente alvo de cobiça dos Estados Unidos da América e do bem conhecido Elon Musk deixando o país em pé de guerra.
Estes são apenas dois dos muitos exemplos em que a predação por matérias-primas leva à desestruturação de sociedades e à destruição de ecossistemas em nome do lucro.
Com a adoção do modelo de economia circular, não só estes ataques à dignidade humana e natural são mitigados, como a volatilidade dos preços e a dependência das importações são significativamente reduzidas.
Criação de emprego e poupança
A economia circular é o motor da inovação e da competitividade, dois fatores que confluem para a geração de empregos e criação de produtos com uma maior vida útil que proporcionam uma maior poupança aos consumidores no médio-longo prazo.
Economia circular – Exemplos práticos em diferentes sectores
O desenvolvimento sustentável não é apenas possível, como, nos exemplos que vamos lhe vamos dar de seguida, é já prática corrente em diversas empresas e organizações dos mais variados setores da economia e sociedade.
Começamos com um exemplo vindo do município de Torres Novas no âmbito da alimentação escolar. Na prática, o PSAE (Programa de Sustentabilidade na Alimentação Escolar), assim se chama este programa, tem por objetivo proporcionar, às crianças das escolas do concelho, refeições escolares que, ao utilizarem produtos locais e sazonais, têm em conta os princípios da sustentabilidade nutricional, ambiental e económica.
A procura de uma economia circular é, como vimos, um caminho que implica inovação e criatividade, dois elementos que se juntam num projeto de investigação da Faculdade de Ciência e Tecnologia da Universidade de Coimbra que tem por objetivo criar um processo inovador de recuperação de materiais valiosos, como a platina, o ouro ou gálio, extraídos de computadores e outros equipamentos eletrónicos em fim de vida.
Continuando em ambiente académico coimbrão, investigadores da Universidade de Coimbra conseguiram desenvolver um material que vem substituir o plástico, um dos maiores poluentes do nosso tempo.
Este produto revolucionário é criado a partir de nanocelulose combinada com um mineral fibroso, completamente biocompatível e biodegradável, que poderá ser aplicado na produção de embalagens alimentares e impressões eletrónicas e é completamente seguro para a saúde.
Como sublinhamos, podemos encontrar exemplos de economia circular nas mais diversas áreas e empresas e o setor financeiro não é exceção.
No UNIBANCO, a sustentabilidade é um assunto levado muito a sério e repercute-se, por exemplo, na digitalização total dos processos de contratação de produtos financeiros limitando, desta forma, a utilização de papel e na emissão de cartões de crédito ecológicos em PVC biodegradável.
Reduza, recicle e reutilize, o ambiente agradece.