Como criar um fundo de emergência e proteger-se financeiramente?
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Publicado em 10-Dez-2024
Ninguém sabe o que o dia de amanhã lhe reserva, razão mais do que suficiente para dar corpo ao velho provérbio “mais vale prevenir do que remediar”.
Todos gostaríamos de ter uma bola de cristal ou dons adivinhatórios sobre em que momentos da nossa vida vamos precisar de recorrer a uma ajuda financeira para ultrapassar um imprevisto.
Mas na falta dessas capacidades esotéricas, o melhor mesmo é criarmos um fundo de emergência e protegermo-nos financeiramente em tempo útil.
Para evitar que uma fatura atrevida não sobrecarregue o seu orçamento ou um acidente ponha em causa a viabilidade da sua saúde financeira, é altura de fazer como a formiga do conto de Esopo e começar a criar um fundo de emergência.
Porque é que é importante ter um fundo de emergência?
Como já afloramos, os imprevistos não se fazem anunciar e muitos deles trazem-nos faturas que não temos como pagar ou uma quebra de rendimentos que não conseguimos colmatar de um dia para o outro.
Nesses momentos, um fundo de emergência permite-nos evitar dívidas e mantermos uma vida digna e confortável durante alguns meses.
Além disso, como veremos mais à frente, ao longo da criação de um fundo deste tipo vamos ter uma visão mais detalhada das nossas despesas, o que nos levará a adotar novos hábitos de consumo mais amigos da poupança e, desse modo, conseguirmos uma melhor gestão do nosso orçamento mensal.
Como calcular o montante ideal para o seu fundo de emergência?
Apesar de o valor que vai constituir o fundo de emergência variar em função de cada agregado familiar, recomendamos que esse montante seja, pelo menos, seis vezes superior ao montante das despesas mensais.
Por exemplo:
- se as suas despesas médias mensais ascenderem a 600 euros, o fundo de emergência deverá ter sempre cerca de 3600 euros.
- caso seja trabalhador por conta própria, a reserva financeira inscrita no fundo de emergência deve cobrir um ano de despesas, ou seja, 7200 euros seguindo o exemplo anterior.
Conselhos práticos para poupar e manter o seu fundo de emergência
Criar um fundo de emergência não tem grandes segredos, mas exigirá sempre, da sua parte, um bom planeamento financeiro e alguma contenção nos gastos.
Porque um imprevisto pode estar ao virar da esquina, passemos, de imediato, a dar-lhe as ferramentas necessárias para garantir a sua segurança financeira em apenas cinco passos:
1º Passo: Avalie a sua situação familiar contabilizando receitas e despesas mensais
Para ter uma ideia mais clara de onde pode cortar para a poupança de emergência, é indispensável começar por fazer contas às suas receitas e despesas mensais.
Após ter contabilizado as suas receitas e despesas mensais totais, é tempo de subtrair ao valor dos rendimentos o montante mensal dos custos (fixos e variáveis).
Poderá, ou não, utilizar a diferença entre estes dois valores, em caso de ser positivo, para financiar a primeira tranche do fundo de emergência.
Para ajudá-lo a, futuramente, cortar nas “gorduras”, divida as despesas por categorias.
Se uma delas corresponder a prestações mensais de crédito, recomendamos que tente renegociar a dívida junto do banco ou parta para a consolidação de créditos e reduza, até 60%, o valor das prestações mensais.
2º Passo: Defina o tempo em que pretende constituir o fundo e abra uma nova conta bancária
Depois de saber com quanto dinheiro poderá contar por mês, incluindo despesas onde deve cortar, para financiar o seu fundo de emergência, é altura de definir um espaço temporal para o conseguir.
Nesse sentido, estipule uma meta de poupança mensal e uma data limite para atingir o plafond que deseja.
Para ajudar na gestão do seu futuro fundo de emergência, abra uma nova conta bancária só para esse efeito.
Aconselhamos a que aposte em depósitos até um ano, já que lhe vão permitir movimentar o dinheiro quando necessitar.
3º Passo: Financie o seu fundo de emergência
Chegamos, então, ao momento de rechear o seu fundo de emergência com o equivalente a, pelo menos, seis vezes o valor das suas despesas mensais, montante essencial para que, em caso de perda de rendimentos, possa manter um nível de vida aceitável.
Poderá começar por depositar três meses de poupança de imediato e ir recheando, mensalmente, o seu fundo de emergência com 5% do seu ordenado até atingir o montante aconselhado ou, em alternativa, continuar a poupar.
Caso pretenda atalhar caminho na constituição do seu fundo, poderá aproveitar a poupança resultante da adesão ao crédito consolidado.
4º Passo: Atualize, recorrentemente, o seu fundo
Como todos sabemos, a inflação leva a que o dinheiro perca valor com muita rapidez, razão porque deve atualizar, anualmente, o seu fundo de emergência em linha com a taxa de inflação do momento.
Além da inflação, poderá surgir uma situação em que tenha de retirar uma parte do dinheiro que poupou e depositou no fundo de emergência, afinal de contas é para isso que ele serve.
Nessa altura, deve repor, o quanto antes, o montante que retirou de modo a mantê-lo sempre com o montante que recomendamos.
5º Passo: Capitalize o seu fundo
Uma boa gestão do seu fundo de emergência passa não só por não o utilizar em outros momentos que não aqueles de verdadeira urgência, como também pela atenção às oportunidades que surgem de o capitalizar.
Para isso, aposte em produtos financeiros de baixo risco e retorno garantido, como são o caso dos Certificados de Aforro, dos Certificados do Tesouro ou dos PPR (Planos Poupança Reforma).
Mas atenção, antes de contratar este tipo de soluções, tente perceber se a sua rendibilidade é igual ou superior à taxa de inflação de modo a que consiga tirar um verdadeiro proveito financeiro delas.